Cultivo
Hidropônico de Plantas
Parte 3 - Produção de Mudas para Hidroponia
Parte 3 - Produção de Mudas para Hidroponia
A etapa de produção de mudas é decisiva
para conferir sucesso no empreendimento em hidroponia, pois
interfere diretamente no aspecto sanitário da cultura, na
precocidade da colheita , na eficiência operacional , nos custos e
qualidade do produto final.
Para hortaliças de maneira geral, pode-se dividir a produção de mudas em duas fases:
_ 1a compreendida entre a semeadura ou estaquia até o primeiro par de folhas.
_ 2a a partir desta até o quinto par de folhas.
O tempo de duração destas fases dependerá, dentre outros fatores, da espécie, da cultivar, do substrato, das condições microclimáticas, do tipo de propagação (vegetativa ou semente), do condicionamento da semente (nua ou peletizada), das condições fitossanitárias do ambiente de produção.
Para hortaliças de maneira geral, pode-se dividir a produção de mudas em duas fases:
_ 1a compreendida entre a semeadura ou estaquia até o primeiro par de folhas.
_ 2a a partir desta até o quinto par de folhas.
O tempo de duração destas fases dependerá, dentre outros fatores, da espécie, da cultivar, do substrato, das condições microclimáticas, do tipo de propagação (vegetativa ou semente), do condicionamento da semente (nua ou peletizada), das condições fitossanitárias do ambiente de produção.
Escolha da semente
Um aspecto fundamental para reduzir o
tempo para formação das mudas é a escolha da semente.
Além de verificar a qualidade fisiológica, sanitária e genética, deve-se escolher na hora da compra, sementes peletizadas.
Sementes peletizadas são misturadas com um pó inerte e aglutinantes configurando uma formação uniforme, facilitando a semeadura e dispensando o desbaste.
Este procedimento aumenta em cerca de 1.000% o tamanho da semente, sendo a quantidade de semente em 1 kg é reduzida em cerca de 250.000 para 27.500 unidades. Normalmente, as sementes peletizadas recebem tratamento denominado “priming”, que reduz o problema da maioria dos cultivares como a fotodormência (luz para poder germinar) e a termodormência (não germina em temperaturas acima de 23o C). Vale ressaltar, que embora este tratamento seja muito eficiente para acelerar o processo de germinação, reduz a longevidade das sementes. Portanto, após a abertura de uma lata de sementes, mesmo com armazenamento adequado, deve ser consumida rapidamente.
Além de verificar a qualidade fisiológica, sanitária e genética, deve-se escolher na hora da compra, sementes peletizadas.
Sementes peletizadas são misturadas com um pó inerte e aglutinantes configurando uma formação uniforme, facilitando a semeadura e dispensando o desbaste.
Este procedimento aumenta em cerca de 1.000% o tamanho da semente, sendo a quantidade de semente em 1 kg é reduzida em cerca de 250.000 para 27.500 unidades. Normalmente, as sementes peletizadas recebem tratamento denominado “priming”, que reduz o problema da maioria dos cultivares como a fotodormência (luz para poder germinar) e a termodormência (não germina em temperaturas acima de 23o C). Vale ressaltar, que embora este tratamento seja muito eficiente para acelerar o processo de germinação, reduz a longevidade das sementes. Portanto, após a abertura de uma lata de sementes, mesmo com armazenamento adequado, deve ser consumida rapidamente.
Substratos
A escolha do substrato determinará o tipo
de estrutura requerida para produção das mudas. Algumas
características devem ser consideradas para a escolha do substrato
mais adequado, ou sejam, ser inerte quanto ao fornecimento de
nutrientes, ter pH neutro e apresentar retenção de água e porosidade
adequadas para a oxigenação das raízes; de oferecer sustentação para
a muda e proteção às raízes aos danos físicos.
Quatro principais tipos de mudas para
hortaliças folhosas têm sido usadas no cultivo hidropônico, à saber:
substrato organo-mineral, vermiculita, algodão hidrófilo e espuma
fenólica. Para hortaliças de frutos, outros substratos podem ser
usados, como a perlita, a lã de rocha, argila expandida e areia.
a) Substrato organo-mineral
Foi muito utilizado no passado, quando
outros substratos não eram disponíveis. Este substrato que pode
apresentar as mais diferentes composições, conforme a fontes usadas
na sua confecção, proporciona bom desenvolvimento das mudas, não
sendo necessário o fornecimento de solução nutritiva e nem de uma
estrutura física tipo bancada. No entanto, para o cultivo
hidropônico, o substrato organo-mineral apresenta as seguintes
desvantagens: a) não é inerte, podendo interferir na composição da
solução; b) pode ser veículo de transmissão de microorganismos
patogênicos; c) requer uso de suporte tipo bandeja de isopor ou de
plástico; d) requer, antes do transplantio para o sistema
hidropônico, da retirada do substrato aderido ao sistema radicular;
e) requer o tutoramento das mudas após o transplantio para o canal
de cultivo; f) elevada incidência de danos físicos às raízes durante
o processo de limpeza no transplante; g) promove maior risco de
entupimento do sistema de irrigação devido a detritos de substrato;
h) consome maior tempo na operação de transplantio; i) aumenta a
porcentagem de descartes de mudas e portanto, aumenta os custos.
b) Vermiculita
Este material resulta do aquecimento a
1.090o C do
mineral mica, que apresenta após este tratamento a densidade de
90-150 kgm-3,
podendo absorver entre 40-50 Lm-3
de água, além de apresentar alta capacidade de troca de cátions. É
comercializada em diferentes granulometrias, sendo a no
4 (0,75-1,0 mm) a mais indicada para germinação, todavia
recomenda-se para produção em sistema hidropônico a de maior
granulometria. Para um bom desenvolvimento das mudas é necessário o
fornecimento de solução nutritiva, dessa maneira requer uma bancada.
Nesta bancada denominada de "floating" ou piscina, as bandejas de
isopor são colocadas para flutuar sobre um filme de solução
nutritiva (4-8 cm), de preferencia que esteja em circulação. Convém
salientar, que a solução nutritiva nesta fase deve ser mais diluída,
cerca de 50% da concentração da fase de produção. Apresenta as mesma
desvantagens do substrato organo-mineral, com as exceções de não
servir de fonte de patógenos e não interferir na solução nutritiva,
entretanto proporciona relativo desenvolvimento de algas na
superfície das bandejas.
C)
Algodão hidrófilo
Este substrato ainda é muito usado pelos
produtores hidropônicos. É um material simples de ser adquirido,
relativamente de baixo custo e não requer a operação de limpeza
reduzindo o tempo gasto no transplantio. No entanto, como os
anteriores, também não oferece sustentação para as mudas, requer uso
de bandejas de isopor ou de plástico, fornecimento de solução
nutritiva, e requer a construção do "floating". Também proporciona
danos físicos às raízes durante o transplantio. Dentre todos é o
substrato que mais favorece o desenvolvimento de algas e o
estiolamento das plântulas (sobretudo quando são utilizadas bandejas
de 200 e 288 células). Deve-se ressaltar que na semeadura o segredo
do sucesso é utilizar pouco algodão, apenas o suficiente para
preencher a abertura inferior de drenagem existente em cada célula
da bandeja.
d)
Espuma Fenólica
É um substrato estéril, de fácil manuseio
e que oferece ótima sustentação para as plântulas, reduzindo
sensívelmente os danos durante a operação de transplantio. Dispensa
o uso de bandejas de isopor, portanto não requer a construção do "floating",
pois após a emergência as mudas são transplantadas diretamente para
os canais de crescimento. É comercializado em placas com 2 cm ou 4
cm de espessura e com células pré-marcadas nas dimensões de 2 cm x 2
cm.
A seguir é apresentado o procedimento
recomendado para produção de mudas utilizando placas de espuma
fenólica.
1) Dividir a placa de espuma fenólica em
duas metades;
2) Lavar muito bem cada placa com água
limpa. Uma maneira fácil de efetuar essa operação é enxaguar
diversas vezes com água para eliminar possíveis compostos ácidos
remanescentes de sua fabricação. O uso de um tanque com dreno
facilita o trabalho. Para evitar que a placa de espuma se quebre
durante o seu manuseio, usar um suporte com perfurações . Por
exemplo, a parte dorsal (base) de uma bandeja de isopor ou chapa de
madeira ou de plástico ou de PVC ou de acrílico com perfurações de
0,5-1,0 cm de diâmetro e alocadas de forma aleatória no suporte.
Estas perfurações auxiliam a drenagem do excesso de água da espuma
fenólica.
3) Caso as células não estejam perfuradas
para a semeadura, efetuar as perfurações usando-se qualquer tipo de
marcador com diâmetro máximo de 1,0 cm, tomando-se o cuidado de que
os orifícios fiquem com no máximo 1cm de profundidade. O orifício de
forma cônica possibilita melhor acomodamento da semente e evita
compactação da base favorecendo a penetração da raiz na espuma
fenólica.
4) Efetuar a semeadura conforme
determinado para cada espécie de hortaliça. No caso de alface, usar
apenas uma semente quando a mesma for peletizada, ou no máximo três
no caso de semente nua (neste caso há necessidade de efetuar o
desbaste após a emergência, deixando-se apenas uma plântula por
célula). Para as outras hortaliças de folhas, caso de rúcula, agrião
d’água, almeirão, salsa e cebolinha, usar quatro a seis sementes por
orifício.
5) Após a semeadura, caso haja
necessidade, irrigar levemente a placa com água usando um
pulverizador ou regador com crivo fino.
6) Colocar a bandeja com a placa já
semeada, em local apropriado para a germinação de sementes
(temperatura amena porém com pouca variação de 20 a 25o
C). Normalmente, não há necessidade de
irrigação da espuma durante o período de 48 h após a semeadura.
Entretanto, caso haja necessidade, umedecer a placa de espuma
fenólica por subirrigação, usando-se apenas água.
7) No período de 48 a 72 horas a setenta
e duas horas após a semeadura , transferir as placas para a estufa e
acomodar num local com luminosidade plena. Iniciar a subirrigação
com a solução nutritiva diluída a 50%. A espuma deve ser mantida
úmida porém não encharcada. Quando a semente iniciar a emissão da
primeira folha verdadeira (cerca de 7 a 10 dias após a semeadura),
efetuar o transplante das células contendo as plantas para a mesa de
desenvolvimento das mudas, mantendo um espaçamento entre células de
5cm x 5cm, caso essa mesa tenha canaletas de PVC de 50 mm, ou 7,5 cm
x 5 cm caso seja com telha de fibrocimento de 4 mm. Para facilitar o
transplante das células de espuma para a canaleta, use uma pinça
(tira dobrada de PVC com 1 cm de largura) para auxiliar a colocação
de cada muda no fundo da canaleta. O orifício na placa de isopor de
cobertura da mesa deve ser de no máximo 3,5 cm de diâmetro.
8) Quando da transferência das mudas para
a mesa definitiva ou para a mesa intermediária, tomar cuidado para
que o sistema radicular fique bem acomodado na canaleta de
crescimento. O cubo de espuma fenólica permanece intacto com a
planta até a fase final de colheita.
Cada m² de canteiro intermediário fornece
mudas para 4 m² de canteiro definitivo. Para a cultura de alface, a
mais plantada na hidroponia, tem-se conseguido, com o uso desse
sistema intermediário, aumentos de 50% na produção mensal usando-se
uma mesma área de mesa. É recomendado que toda etapa de produção de
mudas seja realizada em uma unidade separada das unidades de
produção, para que qualquer problema fitossanitário (ataque de
pragas e ocorrência de doenças) possa ser controlado de maneira
segura seguindo-se o atendimento aos períodos de carência, sem
comprometimento às plantas que serão comercializadas em breve.
RECOMENDAÇÕES DE CULTIVO DE ALGUMAS HORTALIÇAS DE
FOLHAS E DE FRUTOS
Os procedimentos e recomendações técnicas
para o cultivo de algumas hortaliças de folhas e de frutos,
encontram-se nos quadros 9 e 10, respectivamente.
As informações dadas para a obtenção das
mudas referem-se ao uso da espuma fenólica, com exceção da cultura
do morango, cuja muda inicial (Muda I) poderá ser originada de
substrato organo-mineral, dada a ausência no mercado de mudas em
espuma fenólica. Para a obtenção de mudas em espuma fenólica, o
procedimento é similar ao usado para as mudas em substrato
organo-mineral, ou seja, destacar as mudas dos estolões e plantá-las
em cubos de espuma fenólica umedecida com solução nutritiva para
mudas.
PROJETO PARA A PRODUÇÃO DE 1.250 PLANTAS DE ALFACE
POR SEMANA NUMA ESTUFA COM DIMENSÕES DE 7m x 50m (350m2).
Mudas
Mudas Fase I
- Da semeadura até a emergência (início de aparecimento da primeira
folha) - tempo: uma semana. Área para esta fase: 1,5 m x 0,75 m.
Suficiente para acomodar as placas de espuma fenólica (dimensão de
cada placa: 0,20 m x 0,40 m. Número de placas por semana: 10 Com
160-180 células cada.
Mudas Fase II
- Da emergência até o estádio do início de aparecimento da quinta
folha) - tempo: duas semanas. Espaçamento entre plantas: 0,05 m x
0,05 m. Área para esta fase: 1,5 m x 4,75 m.
Plantas da fase intermediária
- tempo para formação: duas semanas. Espaçamento entre plantas:
0,125 m x 0,125 m. Área para esta fase: 1,5 m x 30 m, ou duas mesas
sendo uma com 12m e outra com 18m de comprimento, respectivamente.
Plantas da fase definitiva
- tempo para formação: duas semanas. Espaçamento entre plantas: 0,25
m x 0,25 m. Área para esta fase: 1,5 m x 108 m, ou três mesas com 12
m de comprimento e quatro mesas com 18 m de comprimento.
A figura 13 ilustra a disposição das diferentes mesas
no interior de uma casa de vegetação com dimensões de 7m x 50 m.
Dimensionamento Hidráulico
Mesa de mudas fase II:
Número de canais de cultivo por mesa: 1,5 m/0,05 m = 30; Fluxo de
solução nutritiva/canal de cultivo/minuto = 1,0 L. Através da
equação (1) calcula-se a vazão da bomba d’água em Lh-1,
ou seja,
Vazão da bomba d’água = 1,0 x 30 x 0,09 = 2,700 Lh-1 = 2.700 L.min-1.
Vazão da bomba d’água = 1,0 x 30 x 0,09 = 2,700 Lh-1 = 2.700 L.min-1.
Mesa de plantas fase intermediária:
Número de canais de cultivo por mesa: 1,5 m/0,125 m = 12; Número de
mesas: 2; Número total de canais de cultivo: 2 mesas x 12 = 24;
Fluxo de solução nutritiva por canal de cultivo por minuto: 1,5 L
Vazão da bomba d’água = 1,5 x 24 x 0,09 = 3,240 Lh-1 = 3.240 L.min-1
Vazão da bomba d’água = 1,5 x 24 x 0,09 = 3,240 Lh-1 = 3.240 L.min-1
Mesa de plantas fase definitiva:
Número de canais de cultivo por mesa: 1,5 m/0,25 = 6; Número de
mesas: 7; Número total de canais de cultivo: 7 x 6 = 42; Fluxo de
solução nutritiva/canal de cultivo/minuto: 2,0 L
Vazão da bomba d’água = 2,0 x 42 x 0,09 = 7,560 L.h-1 = 7.560 L.min-1.
Vazão da bomba d’água = 2,0 x 42 x 0,09 = 7,560 L.h-1 = 7.560 L.min-1.
Portanto, deve-se usar bombas d’água com
as seguintes capacidades de vazão: Mesa mudas II – 2,700 L.h-1,
Mesa plantas fase intermediária –3,240 Lh-1,
Mesa plantas fase definitiva – 7,560 L.h-1.
Essas vazões garantirão o fluxo desejado em cada fase e também a
aeração da solução nutritiva.
Depósitos para solução nutritiva
Mudas fase II:
Número total de plantas: 2.850; Relação de volume por planta: 0,1 a
0,2 Lplanta-1.
Volume do depósito: 2850 x 0,1 a 2850 x 0,2 = 285 a 570 L
Volume do depósito: 2850 x 0,1 a 2850 x 0,2 = 285 a 570 L
Plantas fase intermediária:
Número total de plantas: 2850; Relação de volume por planta: 0,25 a
0,50 Lplanta-1
Volume do depósito: 2850 x 0,25 a 2850 x 0,5 = 712,5 a 1425 L
Volume do depósito: 2850 x 0,25 a 2850 x 0,5 = 712,5 a 1425 L
Plantas fase definitiva:
Número total de plantas: 2592; Relação de volume por planta: 0,75 a
1,0 Lplanta-1
Volume do depósito: 2592 x 0,75 a 2592 x 1,0 = 1944 a 2592 L
Volume do depósito: 2592 x 0,75 a 2592 x 1,0 = 1944 a 2592 L
Portanto, deve-se trabalhar com depósitos com as
seguintes capacidades mínimas: Mudas Fase II - 500 L, Plantas Fase
intermediária – 1.000 L e Plantas Fase definitiva – 2.000 L
Para outras hortaliças de folhas, o
procedimento de cálculo é semelhante, devendo-se entretanto efetuar
o ajuste para o número de plantas por mesa. Para as. Hortaliças de
frutos, deve-se adotar uma relação de volume de 4
a 5 Lplanta-1,
devido a maior evapotranspiração e o fluxo de solução de acordo com
os dados do quadro 10.